domingo, 13 de junho de 2010

Trecho extraído de O Guia do Mochileiro das Galáxias, volume 2, capítulo 6:

Essencialmente era isso que dizia o aviso: "O Guia é definitivo. A realidade está frequentemente incorreta."

Isso tem tido consequencias interessantes. Por exemplo, quando os editores do
Guia foram processados pelas famílias daqueles que tinham morrido por terem levado ao pé da letra o verbete sobre o planeta Traal (esse verbete dizia: "As Bestas Vorazes de Traal frequentemente fazem para os turistas uma boa refeição", em vez de "As Bestas Vorazes de Traal frequentemente fazem dos turistas uma boa refeição"), eles alegaram que a primeira versão da frase era esteticamente mais agradável, intimaram um poeta qualificado para declarar, sob juramento, que beleza é verdade, verdade é beleza, e esperaram assim provar que o verdadeiro culpado no caso era a própria Vida, por deixar de ser ao mesmo tempo bela e verdadeira. Os juízes concordaram e, num discurso comovente, sustentaram que a própria Vida era um desacato àquele tribunal e confiscaram-na prontamente de todos os presentes antes de saírem para uma agradável partida de ultragolfe noturno.

Genial.
Aliás, a série inteira é genial. De forma sempre bem humorada, Douglas Adams faz altas críticas ao ser humano e sua sociedade. Só nesse pequeno parágrafo tem mais do que eu consegui contar: a crítica ao sistema judicial, à idéia de beleza e vida? de verdade? Sei lá, meu cérebro até deu um nó. Mas enfim, o caso é que é muito bom.